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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Manduca da Praia - Uma Lenda Carioca


Contam os antigos, nas rodas de capoeira, nas quebradas do velho centro histórico do Rio de Janeiro que Manduca da Praia era conhecido e temido pela policia, e também pelos próprios capoeiristas. Dizem que ele era alto, forte e de barba e cabelos ruivos. Parece que viveu por volta de 1850. Manduca era contemporâneo de terríveis capoeiristas como por exemplo: Aleixo Açougueiro, Quebra Coco, Pedro Cobra, Bem-te-vi, Mamede e outros.

Contam que, desde cedo, ele já demonstrava agilidade saltando touros bravos, no uso do punhal, da navalha e da Petrópolis - uma comprida bengala de madeira de lei, companheira quase que inseparável de Manduca. Também sabia se defender, se fosse preciso, com socos, bandas e rasteiras. No entanto, se destacava dos outros pela sua frieza e da inteligência que possuía.

Manduca da Praia era um capoeira por sua conta própria. Naquela época a capoeira era muito perseguida pela polícia e para praticar a arte era mais seguro e racional fazer parte de alguma malta. As mais tradicionais eram a dos Nagos e dos Guaiamús, que eram as que comandavam o Rio de Janeiro naquela época. Porém, Manduca não queria fazer parte de nenhuma delas, pois isto poderia atrapalhar seus negócios. Ele possuía uma banca de peixe e era guarda-costas de pessoas ilustres, principalmente políticos.
Devido a sua grande influencia na sociedade da época, respondeu a 27 processos por lesões corporais leves e graves, mas não foi punido por nenhum.

Um fato iria classificar Manduca definitivamente no cenário da capoeiragem da sua época. Certa vez chegou a corte do Império o deputado português de nome Santana, que gostava de desafios de briga de rua. Nesta atividade não haviam pontos e nem juízes, perdia aquele que fosse a lona ou pedisse arrego, sendo que o último era negado algumas vezes.

Manduca foi desafiado pelo deputado lusitano, e depois de um bravo combate, o capoeira carioca saiu vitorioso, deixando Santana abismado com tanta destreza. Após a luta sangrenta, os dois saíram abraçados e foram tomar champanhe se tornando grandes amigos.

Nosso personagem levou uma vida com certas regalias, pois a sua banca de peixe, era um negócio que lhe rendia bons lucros, além de seus serviços com a capoeira. Não houve um capadócio como Manduca da Praia, na corte do Império, nesta época. Assim contam os velhos mestres, nas quebradas do Rio antigo...

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Rabiscado por Rangel